Tensões políticas, reivindicações sociais e ausência de soluções elevam o clima em Atalaia

29/09/2023 15:43 | Texto de:


Ceci Herrmann, prefeita de Atalaia | Foto de: Reprodução



O cenário político em Atalaia tem experimentado um aumento constante de tensões, à medida que diversas questões convergem para polarizar ainda mais a cidade. Entre os principais motivos estão as eleições municipais de 2024, as reivindicações dos moradores afetados pelas recentes chuvas em áreas de obras inacabadas da BRK e as denúncias da vice-prefeita Camyla Brasil, que já se posicionou como pré-candidata para o próximo pleito.

O ponto de partida para essa tensão remonta a 2020, quando o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAE) foi transferido para a empresa BRK, resultando em um repasse significativo de R$ 34.800 milhões do governo estadual para os cofres da prefeitura.

A vice-prefeita, Camyla Brasil, começou a utilizar as redes sociais como plataforma para pressionar a administração local a prestar contas sobre a aplicação desses recursos. Por outro lado, a prefeitura alegou que esse montante foi alocado em várias obras e melhorias, incluindo reformas em escolas e unidades de saúde, além de outros projetos de infraestrutura.

Entretanto, a situação ganhou contornos críticos quando as chuvas elevaram o nível do rio Paraíba, resultando na inundação de casas e na destruição de uma residência na área conhecida como Buraco do Jacaré, onde as obras da BRK permanecem inconclusas. A vice-prefeita, juntamente com os vereadores que também são especulados como pré-candidatos à prefeitura, intensificaram os apelos por indenizações destinadas aos mais de 600 moradores afetados. As autoridades questionam o paradeiro dos R$ 600 mil que o município teria recebido para auxiliar os afetados pelas chuvas.

A tensão atingiu seu ápice na semana passada, quando vereadores e moradores tentaram ingressar à força na sede da prefeitura, resultando em confrontos com a Guarda Municipal e em agressões de ambas as partes. A prefeita Ceci Rocha registrou um Boletim de Ocorrência, denunciando os vereadores envolvidos. Na última segunda-feira, uma série de reuniões contou com a presença do procurador do município, Diego Carvalho, do secretário de Finanças, Fábio Sarmento, e do presidente da Câmara Municipal, Cicinho Melo, aliado da prefeita.

Nessas reuniões, as explicações fornecidas pelas autoridades foram confrontadas pela vice-prefeita Camyla Brasil, pelos vereadores Marco Rebolo e Anderson Medeiros, bem como pela líder comunitária do Buraco do Jacaré, Gleyce Vanessa.

Os líderes da oposição persistem em exigir que a prefeitura efetue os pagamentos das indenizações. Por outro lado, o secretário de Finanças, Fábio Sarmento, afirmou que, até o momento, o município não recebeu qualquer assistência do governo estadual e que a prefeita está em busca de recursos para fornecer alguma forma de indenização. Ele também destacou que, ao contrário do ano anterior, quando houve uma enchente, os desabrigados deste ano foram vítimas de obras inacabadas da BRK, que afetaram não apenas o Buraco do Jacaré, mas também a Várzea e outras áreas.

O secretário de Finanças apontou ainda que a arrecadação municipal está em queda, mas a prefeita está fazendo todos os esforços possíveis para obter recursos. O procurador Diego Carvalho informou que o município notificou repetidamente a BRK, mas que, atualmente, não existem verbas disponíveis para indenizações. A vice-prefeita, que rompeu com Ceci Herrmann, atribui a responsabilidade pelo alagamento tanto à prefeitura quanto à BRK e cobra ação da administração municipal contra a empresa.