PT Alagoano em Crise: Aliança de Paulão com Prefeito de Rio Largo Aumenta Divisões Internas e Acirra Disputa pelo Comando Estadual
02/11/2024 12:31 | Texto de:

Johny Lucena | UP | Foto de: Reprodução

O Partido dos Trabalhadores (PT) em Alagoas enfrenta uma nova onda de tensão interna após a aliança do deputado federal Paulão com o prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves (PP). A aproximação entre os dois líderes políticos reacendeu o debate sobre os rumos da legenda no estado e trouxe à tona divergências que afetam o partido desde a última eleição municipal. O descontentamento também reflete na acirrada disputa pela presidência do diretório estadual do PT, com eleições previstas para 2025, na qual se enfrentam o deputado estadual Ronaldo Medeiros e Dafne Orion, do Sindicato dos Urbanitários, apoiada por Paulão.
A estratégia de Paulão é polêmica e dividiu opiniões dentro do PT. Seus críticos apontam que a aliança com Gonçalves faz parte de um projeto pessoal que tem acumulado resultados negativos para o partido, prejudicando lideranças locais. "Foi assim na escolha de Ricardo Barbosa como candidato a prefeito de Maceió e agora no acordo com o prefeito de Rio Largo", afirmou uma fonte anônima próxima ao diretório estadual.
Em resposta, Paulão se defendeu, afirmando que sua aliança com Gilberto Gonçalves tem como objetivo garantir emendas parlamentares para uma nova escola em tempo integral no município de Rio Largo. “Ele vai contar comigo para isso, como tantos outros prefeitos que me procuraram solicitando emendas parlamentares”, justificou.
A presidente do PT em Rio Largo, Roselia Belo, crítica do acordo, reafirmou que a decisão de Paulão não representa o partido local. Em nota oficial, Belo destacou que a atual gestão do município não comunica à população que várias obras realizadas em Rio Largo são financiadas com recursos do governo federal. Além disso, a nota relembrou o envolvimento do prefeito Gonçalves na Operação Taturana, que investigou casos de corrupção em Alagoas, e destacou uma gravação que o tornou nacionalmente famoso ao pedir sua “parte no dinheiro roubado”.
A aproximação de Paulão com Gonçalves é vista como pragmática e estratégica, considerando que o prefeito é um aliado próximo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP). Paulão, que tem planos de disputar o Senado em 2026, busca consolidar apoio em cidades onde Lira tem influência, como Arapiraca e Palmeira dos Índios, para contrabalançar seu desempenho modesto em Maceió.
A relação do PT com as disputas majoritárias em Alagoas nunca foi fácil. Desde o sucesso nas urnas em 1998, quando elegeu Heloísa Helena ao Senado e contribuiu para a eleição de Ronaldo Lessa como governador, o partido passou a enfrentar dificuldades para se firmar em cargos executivos. A última candidatura competitiva ao governo estadual, com Lenilda Lima em 2006, terminou com 8,27% dos votos. Hoje, o PT possui apenas Ronaldo Medeiros na Assembleia Legislativa e Teca Nelma na Câmara de Maceió, um reflexo das dificuldades recentes em manter sua influência no cenário político estadual.
Com a aproximação das eleições para o comando do diretório estadual, a divisão no PT de Alagoas é evidente. A aliança com Gilberto Gonçalves pode impulsionar a candidatura de Dafne Orion, associada a Paulão, mas também alimenta tensões que desafiam o partido a se reposicionar diante dos novos desafios eleitorais e de alianças estratégicas.