Pregação política: pastores contrariam lei eleitoral e fazem cultos com apoio a candidatos em municípios brasileiros
11/09/2024 08:22 | Texto de:
Escrito por: Johny Lucena|UP | Foto de: Reprodução
A pouco mais de um mês das eleições municipais, diversas igrejas evangélicas no Brasil estão em clima eleitoral, apesar da proibição legal de campanhas em templos religiosos. Líderes de inúmeras denominações têm aproveitado cultos e transmissões ao vivo para pedir orações por candidatos e defender representantes alinhados a valores religiosos, contornando as restrições eleitorais.
No dia 25 de agosto, por exemplo, durante um culto transmitido pela internet em Aracaju, o pastor Vanderlei Duarte, da Igreja Internacional da Graça de Deus, fez um pedido explícito: “Podemos contar com a sua oração para termos uma representante na Câmara Municipal?”. Em seguida, apresentou Luciana Ribeiro, candidata do Partido Liberal (PL) a vereadora, indicando saber dos limites legais: “A igreja não pede voto, pede oração”, disse antes de iniciar uma prece mencionando promessas da candidata.
Em São Paulo, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição, é outro nome frequentemente mencionado em igrejas. No dia 11 de agosto, em culto na Igreja Mundial do Poder de Deus, o bispo Amaury de Farias exaltou a gestão de Nunes, enquanto o fundador da denominação, Valdemiro Santiago, pediu a “conservação” do prefeito, reforçando a importância de manter valores cristãos na política.
Situações semelhantes ocorrem em outras igrejas, como na Assembleia de Deus, onde pastores têm citado nomes de candidatos durante pregações. Na unidade em Cascavel, Paraná, o pastor Clemerson da Silva chegou a usar um tom ameaçador para pedir votos para Misael Junior (PP), candidato a vereador.
A legislação eleitoral brasileira proíbe qualquer tipo de manifestação política em espaços religiosos, que são considerados bens de uso comum. No entanto, especialistas alertam que essas práticas vêm se tornando cada vez mais comuns.
Você pode até não saber disso, mas, mesmo a mera citação de candidatos dentro de templos já configura pedido de voto, uma ação vedada pela legislação. Embora a prática seja ilegal, a punição para essas condutas é rara. Ou você já viu algum líder religioso sendo punido pela justiça brasileira por esse motivo?
No entanto, em muitos casos, os templos podem ser multados, mas a aplicação da penalidade é incomum. Essa realidade não impede que candidatos busquem o apoio de líderes religiosos, dada a influência que eles exercem sobre suas congregações.