Mistério envolve ONG de Maceió que recebeu R$ 26 milhões via emendas parlamentares

24/01/2025 14:44 | Texto de:


Escrito por Arthur Vieira/ UP | Foto de: Reprodução



A Prefeitura de Maceió enfrenta uma crescente pressão para esclarecer os detalhes de uma parceria com uma ONG local que recebeu a significativa quantia de R$ 26 milhões, por meio de emendas da bancada do Distrito Federal no Congresso Nacional. O caso, que desperta desconfiança, foi revelado na manhã desta sexta-feira (24), pelo portal Metrópoles, e levanta questões sobre a transparência no uso de recursos públicos e o papel de entidades privadas em processos municipais.

O Instituto Econacional de Desenvolvimento, nome da ONG envolvida, foi o beneficiado com os recursos oriundos de emendas de comissão e bancada, cujo sigilo em torno da identidade dos parlamentares envolvidos agrava ainda mais a situação. A transferência de tal valor, sem uma justificativa clara, levanta suspeitas de práticas no mínimo questionáveis, especialmente quando se observa que o Instituto funciona, na prática, como uma extensão de um órgão governamental: o Centro de Atendimento e Cuidado, criado pela Prefeitura de Maceió em 2023, com a presença do prefeito João Henrique Caldas.

A sede da ONG, localizada no centro da cidade, foi visitada pela equipe de reportagem do Metrópoles, onde um indivíduo se apresentou como diretor da organização e também como servidor da prefeitura, o que levantou mais questionamentos sobre a natureza dessa parceria. A confusão se intensifica com a ausência de explicações por parte de Ramalho Souza Alves, presidente da ONG, que até o momento não se manifestou sobre o caso.

Além disso, a Controladoria-Geral da União (CGU) entrou no radar da situação. Em relatório recente, a CGU apontou que o Instituto Econacional não forneceu informações claras sobre a transparência na execução dos recursos públicos que recebeu, o que agrava a incerteza em torno do destino do dinheiro.

Este episódio, marcado pela falta de clareza e pela opacidade nas emendas orçamentárias, parece ter como origem as chamadas emendas de comissão e de bancada, um mecanismo que, embora tenha sido alvo de controvérsia e questionamentos no Supremo Tribunal Federal (STF), segue sendo utilizado para direcionamento de grandes quantias de dinheiro, sem o devido controle público.

À medida que as investigações avançam, surgem mais dúvidas sobre a legitimidade dessa parceria entre a Prefeitura de Maceió e a ONG. A grande pergunta que paira é: o que motivou a destinação de R$ 26 milhões para uma ONG local, tão nova e sem histórico relevante, em um processo envolto em sigilo e falta de transparência? O silêncio da prefeitura e a falta de respostas claras só agravam o cenário e acentuam a desconfiança pública.