Jonas Seixas teria sido colocado em viatura para policiais simularem prisão, diz soldado ao Tribunal do Júri
13/11/2024 15:30 | Texto de:
Escrito por Arthur Vieira/ UP | Foto de: Reprodução
Os cinco policiais militares que são acusados pela morte do servente de pedreiro Jonas Seixas estão sendo julgados, nesta quarta-feira, 13, no Fórum Desembargador Jairon Maia Fernandes, em Maceió. Jonas Seixas da Silva desapareceu após uma abordagem da Polícia Militar, no dia 9 de outubro de 2020, na Grota do Cigano, no Jacintinho, e desde então nunca foi encontrado.
A assessoria de comunicação do Ministério Público do Estado de Alagoas divulgou que um dos réus, identificado como soldado Felipe, afirmou ao júri que os policiais teriam colocado Jonas na viatura para simularem uma prisão. O motivo seria para a vítima não ficar na mira de traficantes na Grota do Cigano.
Veja abaixo a reprodução de trecho do depoimento, de acordo com o MP-AL:
"Neste momento, o soldado Felipe está depondo. Ele nega autoria de assassinato e afirma que saíram para um patrulhamento de tráfico de drogas na Grota do Cigano, em um beco onde estaria sendo comercializada a droga. Que a guarnição voltou para a viatura com a vítima, afirmando que ele iria colaborar com a polícia passando informações. O soldado Felipe era o motorista e aguardou o retorno da guarnição na viatura. Ele reafirma que Jonas não foi detido, que foi colocado na viatura para simular prisão e não ficar na mira de outros traficantes, já que ele iria colaborar com a PM e apontar os líderes do tráfico".
Como consta no inquérito da investigação, a esposa de Jonas o procurou na Central de Flagrantes, já que os policiais afirmaram que o levariam para a delegacia, no entanto, as autoridades concluíram que ele nunca foi apresentado na Central. A família ainda peregrinou pelo Hospital Geral do Estado (HGE), pelo Instituto Médico Legal (IML), por Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e até pelo presídio, mas nunca obteve informações sobre o paradeiro de Jonas.
O caso teve repercussão, onde a família chegou a realizar manifestações em busca de Justiça. Segundo o advogado Arthur Lira, que representa a família por meio do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca), a expectativa é que os policiais sejam condenados pelos crimes de sequestro qualificado, tortura, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. “Toda instrução processual realizada aponta para a condenação. Tivemos diversas audiências, ouvimos testemunhas de acusação, defesa, interrogatório dos réus, mas, sobretudo, temos as provas técnicas produzidas”, afirma Arthur Lira.
"O primeiro a depor é o sargento conhecido como Pituba. Ele garante ter deixado a vítima nas proximidades do viaduto que dá acesso a Jacarecica. Que teriam deixado a vítima nesse local porque ela temia ser liberada dentro da grota e tido como informante da polícia. O promotor Vilas Boas indagou sobre possível invasão dos policiais à casa da vítima e ele negou. Sobre as questões de todos os rádios terem descarregado ao mesmo tempo, ele explicou que ocorreu no final da tarde e que foram levados para a troca de baterias na unidade. Segundo o policial , as duas guarnições agiram juntas na operação de abordagem, mas teriam se separado depois. Insistindo na pergunta se eles teriam entrado por trás do Motel CQ sabe, o policial confirmou. Sobre fazer o que naquele local, disse que faziam rondas de praxe", reproduziu a assessoria de comunicação do MP-AL.
A previsão para o término do julgamento é para o final da noite desta quarta-feira, 13, podendo se estender até a quinta-feira, 14.