Desembargador diz ser perseguido na véspera de audiência em Alagoas
30/05/2024 10:54 | Texto de:
Desembargador Carlos Cavalcanti | Foto de: Reprodução
Durante uma audiência realizada na terça-feira (28), o desembargador Carlos Cavalcanti, do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL), revelou ter sido perseguido por ocupantes de uma caminhonete desconhecida enquanto dirigia seu próprio carro em Maceió, no mês de abril. O incidente ocorreu antes do início da sessão na qual seria tratado o processo de falência da empresa Laginha Agroindustrial, atualmente pertencente aos herdeiros do ex-deputado João Lyra.
Cavalcanti, que é relator da ação envolvendo o conglomerado de açúcar e etanol fundado por João Lyra, descreveu o ocorrido durante a audiência: "Sou juiz desde os 23 anos, nunca houve uma ocorrência dessa na minha vida. Nunca. Sendo que eu tinha uma audiência da massa falida no outro dia. Pode ser uma coincidência, mas todos agora, [inclusive] a sociedade está sabendo dessa ocorrência", declarou, segundo informações do site R7.
O desembargador destacou que o seu carro particular, conduzido por ele com a esposa ao lado, foi interceptado como se fosse uma viatura de polícia. O incidente ocorreu por volta de 19h30, na Rua do Palato, em Maceió, no dia 28 do mês anterior. A Polícia Civil do estado está investigando o caso, e a cúpula do tribunal foi devidamente informada do incidente.
O processo em questão trata das dívidas bilionárias da massa falida da Laginha Agroindustrial, que chegam a aproximadamente R$ 1,9 bilhão, de acordo com relatórios. Dentre essas dívidas, destacam-se débitos com os estados de Alagoas e Minas Gerais, totalizando R$ 250 milhões e R$ 350 milhões, respectivamente. A falência do grupo foi decretada em 2014, após um pedido de recuperação judicial em 2008.
Além das questões financeiras, o caso também envolve disputas familiares, como a definição do administrador judicial, já que os herdeiros estão divididos quanto ao tema. Entre os seis filhos do ex-deputado João Lyra, estão a empresária Maria de Lourdes Lyra e Thereza Collor de Mello, viúva de Pedro Collor de Mello, irmão do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Maria de Lourdes, conhecida como Lourdinha, está em lados opostos a Thereza Collor, outros três irmãos e a mãe deles no processo. Segundo o advogado Henrique Ávila, sócio do Sergio Bermudes Advogados, que representa Thereza Collor e os demais, o grupo pretende recorrer da decisão de manter a ação na justiça estadual.
"O STF pode analisar o caso, inclusive o fato de que alguns desembargadores, antes autodeclarados impedidos, ficaram agora aptos", declarou o advogado, sugerindo a possibilidade de recurso ao Supremo Tribunal Federal dependendo do desenrolar do processo no Tribunal de Justiça de Alagoas.