Confira as evidências que resultaram na prisão do parceiro da professora assassinada com coxinha envenenada

18/10/2024 16:06 | Texto de:


Escrito por Arthur Vieira/ UP | Foto de: Reprodução



As Polícias Civil e Científica de Alagoas confirmaram, em uma coletiva de imprensa, no início da tarde desta sexta-feira, 18, que a professora Joyce dos Santos Silva Cirino, de 36 anos, faleceu devido ao envenenamento após consumir uma coxinha contaminada com substâncias pesticidas, que são extremamente tóxicas para o ser humano. O companheiro dela foi detido sob suspeita de envolvimento no crime na cidade de São Brás, no interior de Alagoas. O delegado Rômulo Andrade informou que uma fotografia tirada pela irmã da professora, logo após ela ser admitida no hospital, foi crucial para a investigação.

"Fomos até a residência, onde recebemos de familiares imagens do local com a embalagem da coxinha e alguns restos no chão. Essas fotos estão nos autos do caso. Quando a perícia e a Polícia Civil foram à casa para realizar a inspeção e coletar evidências, as coxinhas e suas embalagens já haviam desaparecido. Isso levantou suspeitas. Quem se livrou dessas coxinhas e das embalagens? Começamos a observar o comportamento dele durante o socorro", explicou o delegado. Ele levou a professora para um hospital de São Brás, que possui recursos limitados. O médico constatou a gravidade da situação e indicou que ela fosse transferida urgentemente para Penedo ou Arapiraca.

No trajeto, a pulsação dela caiu rapidamente. Eles pararam para estabilizá-la na UPA de Porto Real do Colégio, onde ela faleceu poucos minutos depois. "O que nos chamou a atenção foi que ele chegou ao hospital para prestar socorro a ela, avisou alguns familiares, e a irmã foi à casa e fotografou a coxinha no chão", destacou.

Durante a coletiva, o delegado detalhou a linha do tempo dos eventos desde o dia 9 de outubro, quando a professora faleceu na Unidade de Pronto Atendimento de Porto Real do Colégio. Abaixo, está a sequência identificada pelas autoridades na investigação.

"Quanto à coxinha, de forma direta, o suspeito, marido dela, pediu 20 mini-coxinhas a uma pessoa do município. Ele saiu de casa exclusivamente para buscar essas coxinhas e levou para casa para que sua esposa consumisse. É difícil afirmar se eram casados ou não, pois eles terminavam e se reconciliavam frequentemente. Ela comeu as coxinhas e, logo em seguida, começou a se sentir mal, vomitando e tendo diarreia incontrolável, levando-o a socorrê-la para o hospital."

"Vamos considerar o tempo entre os eventos, pois acreditamos que houve uma demora no socorro. Ele sempre dizia ao médico: 'Ela comeu uma coxinha e ficou mal'. Essa questão da coxinha ganhou destaque na mídia por causa disso, pois ele (suspeito) repetia essa informação. Quando o médico recebeu Joyce quase morta, com pulsação extremamente baixa, ela passou apenas alguns minutos na UPA antes de falecer. O médico emitiu um laudo, afirmando: 'Houve intoxicação exógena, ao que tudo indica, e acionou a polícia'."

"Quando o médico começou a preparar a ambulância para transferi-la para um hospital de referência, ele comentou com uma vizinha: 'Acompanha ela, que vou voltar para casa'. Isso levantou nossas suspeitas. O que ele foi fazer em casa? A esposa estava quase morrendo. A Polícia Civil acredita que ele voltou para se desfazer do veneno e dos restos das coxinhas que seriam periciados."

"Ele chegou ao hospital de Porto Real do Colégio uma hora depois, acompanhado de uma parente que é advogada. A esposa (Joyce) estava em estado crítico no hospital; se você trouxesse um médico da família, eu entenderia, mas ele chega com uma advogada. Quando anunciaram a morte de Joyce, ele decidiu ir para casa descansar. Quem perde a esposa e vai descansar em casa? Sabendo de toda a suspeita e de todos os procedimentos que precisariam ser feitos com o IML, funerária, etc.? Ele simplesmente foi para a casa de uma tia descansar."

A Polícia Científica de Alagoas confirmou que o exame toxicológico detectou a presença de pesticidas altamente tóxicos em amostras biológicas coletadas do estômago da professora Joyce dos Santos Silva Cirino. Thalmanny Goulart, chefe do laboratório forense da Polícia Científica, forneceu detalhes sobre essas substâncias identificadas no exame realizado após a coleta no Instituto Médico Legal (IML).

"Essas amostras biológicas foram coletadas no IML e enviadas ao laboratório para análise toxicológica. Foram encontradas duas substâncias classificadas como altamente tóxicas: organofosforado, sulfotep e terbufós. Ambas têm seu comércio proibido no Brasil, especialmente para uso como raticida, e foram detectadas no conteúdo estomacal de Joyce."