Braskem é acusada de apresentar dados falsos para continuar atividades em Maceió

21/12/2023 11:50 | Texto de:

Polícia Federal durante a operação Lágrima de Sal | Foto de: Reprodução

Na manhã desta quinta-feira (21), a Polícia Federal deflagrou a Operação Lágrimas de Sal, que tem como alvo a Braskem, uma das principais empresas do setor petroquímico no Brasil. A ação foi desencadeada após indícios de apresentação de dados falsos que teriam permitido a continuidade das atividades de mineração da empresa, mesmo diante de problemas de estabilidade das cavidades de sal e sinais de subsidência do solo em diversos bairros de Maceió.

A operação envolveu o cumprimento de 14 mandados judiciais de busca e apreensão, sendo 11 deles na capital alagoana, incluindo a sede da mineradora no Pontal da Barra. Outros dois mandados foram cumpridos no Rio de Janeiro e um em Aracaju, todos expedidos pela Justiça Federal do Estado de Alagoas.

Segundo informações da Polícia Federal, foram identificados indícios de apresentação de dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da atividade. Isso teria permitido a continuidade dos trabalhos mesmo quando já existiam problemas de estabilidade das cavidades de sal e sinais de subsidência do solo acima das minas da Braskem.

As investigações também apontaram que as atividades de mineração no local não seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica e nos respectivos planos de lavra. Esses planos tinham como objetivo garantir a estabilidade das minas e a segurança da população que residia na superfície.

A exploração de sal-gema na capital alagoana ocorreu durante um extenso período, de 1976 a 2019, resultando em uma severa instabilidade no solo de bairros como Pinheiro, Mutange, Bebedouro e adjacências. Essa instabilidade tornou a área inabitável, devido aos riscos de desmoronamento de casas, ruas e fechamento do comércio, forçando mais de 60 mil pessoas a deixarem esses bairros.

Os investigados poderão responder por diversos crimes, incluindo poluição qualificada, usurpação de recursos da União, apresentação de estudos ambientais falsos ou enganosos, entre outros.

Em resposta à operação, a Braskem divulgou uma nota informando que está acompanhando os desdobramentos e que está à disposição das autoridades, comprometendo-se a fornecer todas as informações necessárias ao longo do processo.