Avanço do mar nas cidades costeiras próximas à foz de rios pode afetar povoados em Alagoas

28/10/2024 08:26 | Texto de:


Escrito por: Johny Lucena|UP | Foto de: Reprodução



A elevação do nível do mar não é mais uma previsão para o futuro distante, mas uma realidade que desafia cidades em todo o mundo. Dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontam para um aumento constante, com o nível do mar subindo 4 milímetros globalmente entre 2013 e 2023. Esse fenômeno tem impactos diretos em áreas costeiras, especialmente em estados brasileiros como Alagoas, onde o aumento do nível do mar já causa inundações frequentes e intensifica a erosão em praias.

O engenheiro Marco Lyra, especialista em recuperação de praias, destaca a situação crítica de alguns balneários alagoanos, como o Pontal do Peba, em Piaçabuçu. "É preciso ação para controlar a erosão costeira na praia do Peba. É urgente restaurar os amortecedores costeiros e investir em infraestrutura resiliente para evitar o pior cenário, onde poderemos ter refugiados ambientais do Peba", alerta Lyra.

O alerta de Lyra ressoa com as preocupações do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que recentemente enfatizou o risco de desaparecimento de cidades costeiras e destinos turísticos devido ao avanço do mar. As estatísticas apontam para um aumento de até 900% nas inundações em comparação com há 50 anos, enquanto furacões têm se tornado mais intensos e com maiores volumes de chuva.

No litoral brasileiro, exemplos emblemáticos de erosão costeira podem ser observados na praia de Atafona, no Rio de Janeiro, e na praia do Peba, em Alagoas. Ambas as áreas sofrem com o avanço do mar, exacerbado por ações humanas, como a construção de barragens e dragagens de areia, que afetam o equilíbrio ecológico da foz dos rios Paraíba do Sul e São Francisco.

Com o aumento das projeções de enchentes e desastres naturais, especialistas clamam por medidas preventivas. "Sem investimentos em proteção e infraestrutura, o Peba poderá enfrentar o mesmo destino de Cabeço, onde comunidades foram deslocadas pela força da natureza", conclui Lyra.

Essas mudanças intensificam o debate sobre a urgência de estratégias de adaptação climática para preservar as zonas costeiras, evitando que se tornem áreas abandonadas ou mesmo lembranças de um passado submerso.